domingo, 10 de maio de 2009

Casa e comida mineira

Em Minas há costumes caseiros que trazem o gosto das broas de pretas velhas. Um é o das mães passarem às filhas as receitas de família, carinhosamente guardadas em grossos cadernos que se perdem, não raro, na gordura do uso e na lida do tempo...
Comida mineira é a alma de nosso agasalho. É o elo da família em torno da mesa. É saudade e descontraimento, é lembrança da infância. Esperança. Eterna esperança. Humilde e sagrada páscoa das grandes esperanças.
Quintal de folhas no chão e frutas nas árvores, cacarejo de galinhas ciscando. Repiques de sino convidando para as festas de padroeira, apito de trem cortando a cidade. Roupa limpa das missas de domingo; namoro em banco de praça; tricô da vovó em cadeira de balanço.
Roda dos velhos no café da esquina. Chá de ervas na cura das doenças. Enfim, o desfiar das casos compridos na boca da noite. Na cidade ou no campo, em Minas, há sempre um aviso não escrito: cheguem-se, a casa é sua!
Uai! Desculpem alguma coisa...


Este texto extraído do livro Fogão de Lenha - quitandas e quitutes de Minas Gerais de Maria Stella Libânio Christo foi escrito em 1976, possui mais de dez edições sendo um marco da literatura culinária mineira.
Tenho o gostinho doce de uma dedicatória em um exemplar que me foi presenteado pela autora numa tarde de outono, dia de Santa Rita, 22 de maio de 2007.

2 comentários:

  1. Hum, casa de vó, comida de vó. Família reunida aos sábados.

    Bjo

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  2. Olá Usuale, brigadim pela receita que deve ser uma delícia pr esse tempinho que começa a esfriar.
    Má, casa e comida de vó, trem bão dimais da conta, né não? Bejim procês,
    June

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