Assisti a uns dias atrás o programa da tv globo, Globo Repórter com Ilze Scamparini na Itália. Fiquei encantada com a região onde ela estava e me lembrei que é de lá mesmo, a Ligúria, o famoso molho pesto que já rendeu uma postagem aqui no blog. Durante o programa antigas receitas foram passadas; o Pão de Matera, feito com cinco tipos de grãos e cortado com as mãos apoiado debaixo do braço, a salada de pão com mussarela de bufala feita a luz da noite, o pesto feito em uma vasilha de mármore branco. A população está voltando a viver em casas sem janelas, a andar de bicicleta, a comprar alimentos direto dos produtores ou num mercado que só comercializa alimentos de pequenos produtores num raio de 15 quilômetros. Há uma outra cidadela, não guardei o nome, acho que cinco terras,que cuida dos seus velhos, com assitência oferecida pelo governo, pessoas pagas para cuidar e atender os idosos levando água, leite, pães, verduras e frutas. E esse profissional também faz massagens, para aliviar as dores, toma um café, bate um papinho com o idoso. A repórter entrevistou o prefeito de Levanto(ele vai pro serviço de bicicleta) e na sua fala, comentou que há trinta anos foi dado início a esse trabalho de retomar velhos hábitos e de reduzir a velocidade das coisas, começando pela sensibilização das pessoas e pela mobilização em torno de algumas ações e cuidados. Segundo ele, os tempos atuais são um momento propício para voltar aos costumes e tradições. Viver slow é também viver juntos e viver bem. E há muita gente já pensando assim. Que bom! Eu também! Difícil, mas não impossível.
Há tempos já venho repensando antigos valores e crenças e sentindo necessidade de retomar alguns hábitos. Já não corro tanto como corria e acho que a gente tá acelerado demais, demais...não sei pra que tanto. Não ando vendo muito sentido em correr pra ganhar dinheiro. Dinheiro não é tudo. Prazer é mais, felicidade é mais e sinto falta da intensidade das coisas, acho que tá tudo muito superficial com tanta pressa de se fazer, ter e ter que ter. Pra quê?
Também no programa, teve o depoimento do sociólogo Domenico de Masi e ele disse assim: precisamos voltar, retomar hábitos culturais de antes da era industrial... O futuro pode ser bem melhor se o passado não for esquecido. Cheguei a arrepiar com a fala dele!
Bom, daí decidi repetir a postagem de 2009 do molho pesto que é delicioso e pode ser saboreado com boas companhias e lentamente. Segue a memória e a receita:
A minha primeira e bem sucedida tentativa de preparar o molho pesto teve duas inspirações poéticas: um pequeno livro e pés de manjericão.
Estava eu em Ouro Branco, no festival de inverno, ministrando a oficina de memória culinária. Foram cinco dias de muitas receitas e literaturas. A turma foi pequena mas extremamente envolvida na elaboração de gostosuras poéticas e gastronômicas.
O local de nossos encontros ficava numa praça de eventos da cidade. E a maravilha maior: toda a praça era rodeada por pés de manjericão e ventava bastante, daí que os ventos cheiravam a manjericão, pode coisa mais gostosa? O pequeno livro é: Cartas culinárias - papel manteiga para embrulhar segredos, de Cristiane Lisboa. Um pequeno notável que a gente lê(devora) rapidamente não fosse a vontade que dá em ir pra cozinha e preparar as cartas/receitas culinárias.
Na chamada Riviera dei Fiori, no noroeste da Itália, são cultivadas várias espécies de flores e ervas aromáticas, é dessas encostas pedregosas da Ligúria, a tradicional receita de Pesto, o molho pesto genovês. Preparada com Il basilico genovese, o manjericão, a grande erva do rei. Ei-la:
Pesto Alla Genovese
Ingredientes:
500 gramas de massa - 4 xícaras de folha de manjericão fresco - 1 xícara de queijo Pecorino ralado - ½ xícara de Pinoli (pinhões italianos), pode ser também com nozes - 2 batatas cortadas em cubos - 4 dentes de alho - 2 xícaras de azeite extra-virgem - sal grosso a gosto - 500 gramas de vagem fresca cortada em pedaços de cerca de 2 cm - pimenta do reino a gosto.
Modo de Preparo:
Na Ligúria, a preparação do molho Pesto, embora aparentemente simples, é considerada um ritual. É necessário um morteiro de mármore, de nome mortaio e um socador de madeira. Colocam-se as folhas com o sal, para manter sua coloração verde e vai-se socando, adicionando os pinhões e uma parte do queijo, juntamente com o azeite, gradativamente até tornar-se um molho verde-escuro, denso e perfumado. Faltando estes utensílios, e por falta de tempo, poderá ser feito no liquidificador, o que prejudica levemente o sabor.
Cozinhar a massa al dente junto com as batatas e a vagem. Escorrer, deixando um pouco de água do cozimento. Juntar com o molho, condimentar com o restante do queijo Pecorino e temperar com pimenta do reino a gosto.
Este blog surgiu do desejo de partilhar memórias em torno da culinária, temperadas com literatura e outras artes. Inspirado na feitura do livro artesanal: Memória Culinária: Coisa de Vó, escrito e editado por Junelise Pequeno Martino, essa que vos escreve agora. E, se tiveres gana de me escrever: memoriaculinaria@gmail.com
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
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