segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Bartolomeu Campos de Queirós

Faleceu hoje um escritor mineiro, poeta maravilhoso: Bartolomeu Campos de Queirós. Bartolomeu nos presenteou com literatura das boas; aqui neste espaço, já o citei algumas vezes. Amo a memória de Bartolomeu, ele vai descrevendo espaços, traçando sutilezas. Amo-o. Seus livros me acompanham nas aulas de Literatura quando elas acontecem. Gosto de ler em voz alta trechos de Indez e Por Parte de Pai. Fala de avós, de pais, de galinhas coloridas, de roupas penduradas no varal, de família, de quintais e paredes escritas, de brincadeiras e tradições.
Já li outros infantis dele, mas, tenho verdadeira paixão por esses dois, falam de tanta coisa bonita de ver e ouvir. Bartolomeu dizia que aprender a ler livros de literatura é um modo aprender a escutar.
Escutar o outro, ouvir os ruídos do mundo a sua volta, valorizar os sons, valorizar nossa memória, talvez por isso, me identifique tanto com ele.

Recentemente, na noite de Natal do ano que passou, sugeri pro meu amigo oculto, dois livros: uma tradução belíssima de Emily  Dickinson, Um livro de horas feita por Ângela Lago e o Vermelho Amargo de Bartolomeu. Ganhei o segundo e vibrei! Vibrei muito quando abri o pacote!! O livro é um objeto lindo, editado pela Cosac Naif. Devorei-o em três dias. Me surpreendi com ele. É um Bartolomeu um pouco diferente que está ali, sem deixar de ser poético, mas, é de uma sensação de perda, de perda da mãe tão sentida, que dói, dói a falta que a personagem sente de sua mãe. O seu olhar discorre sobre a madrasta. As imagens do livro em como essa madrasta corta rodelas de tomate, no início, transparentes, muito finas para se dividir o tomate em oito; os seis filhos, o pai e ela. Com o passar do tempo, as crianças vão crescendo e tomando rumo na vida, as meninas casam, o filho mais velho vai embora e as rodelas de tomate vão ficando mais espessas...ai, ai... Triste essa perda.

Vermelho Amargo já foi lido aqui em casa pelo maridão e também por minha mãe _estamos em férias aqui nas Minas Gerais _ já estava aguardando novo colo de leitura, de uma amiga que também ama ler Bartolomeu e já leu muito pra sua filhota que hoje é uma moça. Amanhã estará nas mãos dela e Bartolomeu estará sempre em nossas memórias literárias, em nossas escritas enquanto inspiração, enquanto inspiração para educadores que somos, em minhas aulas de literatura, lendo-o alto para os pequenos, em nossos sonhos de um mundo mais humano, sensível, terno.

O link acima, é do blog da Editora Cosac Naif, que hoje presta uma singela homenagem ao Bartô. A imagem foi retirada da Rede Minas, numa entrevista que ele deu ao Programa Imagem da Palavra.

Pra despedir e pra sempre lembrar, vale ler um trecho de Indez:


"Em tardes de domingo, sempre muito longas e vestidas de sossego, a mãe se fazia crianças para os filhos.
Ao pé da escada, junto da porta da cozinha, estava o tanque. De cimento cinza, ele guardava a água fria que despencava do morro, escorregando dentro de bambus _ veias cristalinas. A umidade favorecia viver e crescer ali, musgos verdes, tapetes por onde pequenas formigas passavam, arrastando montes de folhas. Mesmo o olhar se sentia acariciado por veludo assim tão fino.
Com anilinas para doces a mãe coloria as águas do tanque, uma cor de cada vez, e mergulhava as alvas galinhas legornes em banho colorido: azul, verde, amarelo, vermelho, roxo. Em pouco tempo o quintal, como que por milagre, era pátio de castelo, povoado de aves _ legornes agora raras_ desenhadas em livro de fadas. Ficava tudo encantamento. Não havia livro, mesmo aqueles vindos de muito longe, com história mais bonita do que as que a mãe sabia fazer. Não era difícil para Antônio imaginar-se príncipe e filho de mágicos.
Quando o dia ameaçava esconder o sol, entre seios e montanhas, aquele inofensivo bando, filho do arco-íris que morava na cabeça da mãe, se empoleirava nos galhos das árvores, bailarinas em carnaval. Antônio olhava os galhos até não poder mais..."

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

BOLO DE REIS


Ingredientes:
200gr de manteiga
1 xícara de chá de açúcar mascavo
1 lata de leite condensado
2 xícaras de chá de farinha de trigo
1 colher de fermento em pó
150gr de frutas cristalizadas
100gr de passas
4 ovos(gemas separadas das claras)
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Glacê:
2 e 1/2 xícaras de chá de açúcar
2 colheres de leite quente
2 colheres de suco de limão
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Modo de Preparo:
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Bata a manteiga, açúcar e as gemas até formar um creme e com a batedeira ligada, junte o leite condensado em fio. Desligue a batedeira e vá incorporando a farinha de trigo e o fermento, misturando levemente. Junte as frutas e as passas e por último as claras em neve. Asse em forma de furo central por cerca de 1 hora. Desenforme ainda quente e cubra com o glacê.
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Para fazer o glacê, misture os ingredientes, espalhe sobre o bolo e decore a gosto. Você pode se inspirar nas cores das frutas vermelhas, nos figos, ameixas e pêssegos e deixar o seu bolo de Reis bem coroado de frutas.




Vale conhecer um pouco mais sobre as tradições em torno do Bolo de Reis:

O bolo de Reis chegou a Portugal no final do século XIX e foi popularizado pelas doceiras de Lisboa e Porto. A tradição chegou ao Brasil com imigrantes portugueses. Hoje o bolo é a estrela da festa de 6 de janeiro, quando os cristãos celebram a adoração do Menino Jesus pelos Reis Magos. Segundo a tradição, o Bolo Rei deve ser acompanhado de dois mimos: uma fava e um presente. Quem receber a fava na sua fatia de bolo, terá sorte no ano e pagará o Bolo rei do próximo 6 de janeiro. Quanto ao presente, trará riqueza a quem encontrar.

Em alguns municípios sergipanos, a Batalha das Cabacinhas faz parte das comemorações do Dia de Reis. Na "batalha", uma brincadeira inspirada nos antigos carnavais, quando as pessoas "guerreavam" com talco, farinha e ovos, as cabacinhas - feitas de parafina e recheadas com água perfumada -, são atiradas nas pessoas, sem causar nenhum dano.

Nos municípios fluminenses, um dos hábitos referentes ao Dia de Reis é a confecção do bolo de reis, que leva quatro prendas misturadas à massa comum: um anel, uma cruz, uma moeda e um dedal. Cada objeto traz um simbolismo: o anel significa casamento; a cruz, convento; a moeda, dinheiro e o dedal, trabalho.

No Ceará, existe a Tiração de Reis, caracterizada por um grupo de pessoas que visitam amigos ou conhecidos a partir do dia 2 de janeiro ou na véspera do Dia de Reis. Nas visitas, eles cantam e dançam versos relacionados com a data, ao som de instrumentos, e solicitam alimentos e dinheiro. É tradicional utilizar a arrecadação para a ceia no dia de Nossa Senhora das Candeias que é em 2 de fevereiro, dia também dos festejos e oferendas à Iemanjá.

Na Rússia o Natal, não é comemorado nem no dia 25 de dezembro, nem em 6 de janeiro. A data é celebrada em 7 de janeiro, quando, segundo a tradição natalina dos russos, a ceia deve ter muito mel, grãos e frutas, mas nenhuma carne.

Na Espanha, no dia 6 de janeiro há desfiles com reis magos em todo o País. De suas carruagens, eles jogam balas e doces para as crianças. Também é neste dia que as crianças recebem presentes, que, acreditam, foram deixados pelos próprios reis durante a madrugada.

Os cubanos trocam presentes no dia 24 e as crianças acreditam em Papai Noel. No entanto, a tradição dos reis magos é bem mais forte. No dia 6 de janeiro, as crianças costumam até deixar um pouco de comida para os camelos dos reis, ao lado de uma cartinha com o que querem ganhar.

Em Portugal, come-se o bolo e bebe-se vinho do porto. Quem pegar a fava fica obrigado no ano seguinte a pagar o bolo. Aquele que ganhar a prenda fica no ano seguinte e pagará o vinho do Porto. A diferença do bolo rei além de estar na forma da coroa de um rei também está no recheio e enfeite, com frutos secos (amêndoas, nozes, pinhões) e frutas cristalizadas. Todos estes frutos simbolizam as jóias que enfeitam as coroas dos reis.

Há uma variação do costume para o dia de reis que envolve romãs:

Uma prática popular de colocar na palma da mão esquerda três sementes de romã. Estas devem ser seguras, uma a uma, entre o polegar e o indicador direito, levadas entre os dentes e mordidas levemente. Após morder, recita-se: Baltazar, traz meu dinheiro de volta; o mesmo deve ser feito com as outras duas sementes, substituindo o nome Baltazar pelo dos reis Belchior e Gaspar. As três sementes devem ser guardadas envoltas em papel, na carteira de dinheiro até o ano seguinte, quando deverão ser plantadas em jardim ou vaso de planta, sendo substituídas por novas sementes, após o ritual descrito. Acredita-se que a prática garante dinheiro farto durante todo o ano que se inicia.

Bem, diante de tantas tradições, bom mesmo é preparar essa receita, compartilhar em família e com amigos e celebrar a vida!

Ontem fui à feira

registros meus - 2014 - largo vernetti Ontem fui à feira.  Este texto foi escrito em 2014 quando eu ainda vivia em Pelotas e estava guar...