segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Indez

Ai, ai, adoro este livro! A história de Antônio, um mineirinho nascido no interior é delicada por demais. Traz as rezas, os costumes, a comida, fala dos quintais, das crenças, das festas, do amor. É majestosa a sensibilidade de Bartolomeu Campos Queirós. Vale a leitura.
Segue um trechinho pra gente apreciar:

Era silencioso o amor. Podia-se adivinha-lo no cuidado da mãe enxaguando as roupas nas águas de anil. Era silencioso, mas, via-se o amor entre os seus dedos cortando a couve, desfolhando repolhos, cristalizando figos, bordando flores de canela sobre o arroz doce nas tijelas.
Lia-se o amor no corpo forte do pai, no seu prazer pelo trabalho, em sua mansidão para com os longos domingos. Era silencioso, mas escutava-se o amor murmurando - noite adentro - no quarto do casal. A casa, sem forro, deixava vazar esse murmúrio com aroma de fumo e canela, que invadia lençóis e dúvidas, para depois filtrar-se por entre telhas.
Experimentava-se o amor quando, assentados no calor da cozinha - pai e mãe -falavam de distâncias, dos avós, das origens, dos namoros, dos casamentos.
E, quando o sono chegava, para cada menino em cada tempo, era o amor que carregava cada filho nos braços para a cama, ajeitando o cobertor por sob o queixo.


Esta postagem é dedicada aos meus maiores amores: Minha mãe, meu filho e meu marido.

Vocês são tudo em que mais acredito: na família e no amor.

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