domingo, 31 de outubro de 2010

O FAZEDOR DE VELHOS

Estou lendo esta semana um livro que comigo estava emprestado há quase um ano e eu nada de pegar pra ler. Agora a dona dele, uma amiga querida, o quer de volta, para dar de presente ao sobrinho. Diante disso e da fala da amiga, você precisa ler este livro, dei um jeito no tempo e peguei do livro nos momentos livres (coisa rara). Como ele é delicioso de ler, já estou caminhando pro final. O autor, Rodrigo Lacerda, é escritor dos bons e este livro foi premiado com o Jabuti, a indicação de leitura é o público infanto juvenil, mas, qualquer um pode, e deve lê-lo.
É de um encanto simples e uma alegria nas palavras que vou devorando e deixando que ele me devore também. Há partes de muito gosto, sabororas, divertidas, reflexivas, tocantes.(não sei bem se é essa a melhor palavra para definir como me toca o texto)

Compartilho esse trecho do texto que por ontem li: é quando o Pedro, estudante de história, se apaixona pela sobrinha de seu professor, um velho ranzinza que o propõe uma pesquisa sobre a natureza humana começando pelos personagens de Shakespeare. Lembrei-me agora daquele filme Na natureza selvagem, MARAVILHOSO! Mas esse vai ficar pra um outro momento.
Segue o texto pra gente partilhar de boa literatura:

Quando a porta se abriu fiquei impressionado. quem veio atender, definitivamente, não era homem. Era a menina japonesa mais linda que já vi. O seu rosto tinha a suavidade de um mistério bom. Seus cabelos, muito pretos, muito lisos, brilhavam contra a luz. Seu corpo tinha um jeito esguio de se mexer. A graça viva de um arquipélago distante, que eu nem sabia como tinha chegado ali. Não fossem as roupas ocidentais(calça jeans, camiseta e sandália), e o fato dela falar português, eu imaginaria estar diante de uma princesa oriental. [...] _ Vem cá, estou fazendo o almoço. E aí girou o corpo, dando os primeiros passos em direção a cozinha. Fui atrás dessa encarnação moderninha da elegância milenar. Eu já estava encantado. Simples assim.
[...] Ficamos em silêncio. Eu a olhava, embevecido, como se acompanhasse a coreografia de uma bailarina. Ela, nem aí pra mim, preparava a salada. Uma essência feminina que eu não conhecia. Mayumi lavando as folhas verdes, com água escorrendo pelos dedos;cortando os tomates, em rodelas muito vermelhas. E deitando na travessa um fio de azeite, amarelo, luminoso, denso e elegante, como os seus movimentos.


já quase no final do livro, um pouco sobre o título, o fazedor de velhos:

"Por alguns instantes, ruminei a idéia. No final, me convenci. O professor tinha mesmo o poder de nos fazer pensar e de nos fazer sentir coisas estranhas. E conviver com ele dava mesmo a sensação de se estar mais velho".

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