sexta-feira, 3 de abril de 2009

o livro dos abraços

Recordar: do latim re-cordis, voltar a passar pelo coração.

Estive esta semana na livraria Quixote para fazer um pequeno acerto das vendas do meu livro e levar outros exemplares e, é claro, sempre dou umas folheadas em lançamentos e títulos, ou encadernações que me chamam atenção. Folheei Manoel de Barros para crianças mas prefiro o que tenho aqui: O fazedor de amanhecer. Ainda na seção infantil, peguei um do Léo Cunha muito bacana: Profissonhos. Muito lindo, poesia pura e divertida para os pequenos. Vi outro: o livro inclinado. Ele é mesmo inclinado, uma edição da Cosac Naify. Só podia ser, eles são muito bons em encadernações ousadas. Ao lado um display com livros de bolso, um título me chamou a atenção: O livro dos abraços, quando vi o autor: Eduardo Galeano, tomei logo um as mãos. Daí, o acerto das vendas já saiu menor. Comprei. Eduardo Galeano é escritor uruguaio e muito muito especial, traz em sua escrita muitas recordações. Gosta de ouvir histórias e com elas, sai escrevendo. Ele mostra que a história pode - e deve -ser contada a partir de pequenos momentos, aqueles que sacodem a alma da gente. Cá está uma pequena história do livro dos abraços pra aquecer nosso dia:

O mundo
Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. e disse que somos um mar de fogueirinhas.
_ O mundo é isso _ revelou. _ Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

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